Apesar de existirem, tal
como na medicina ocidental, tanto obras clássicas como quadros clínicos
fundamentais e respectivas terapias, é
difícil compreender ou aplicar a Medicina Chinesa sem uma compreensão profunda
da sua filosofia.
Muito distantes dos esotéricos,
os antigos filósofos chineses sempre se preocuparam com a dimensão prática da
sua reflexão acerca dos homens e da natureza, bem como o culto da vida.
Em mais de 2000 anos a
Medicina Chinesa resultou, especialmente através do confronto entre as duas
tendências principais do pensamento filosófico chinês – o Confucionismo e o Taoísmo -
num vasto sistema de diagnósticos, com diversas formas de terapia.
CONFUCIONISMO
A filosofia prática do
Confucionismo consistia sobretudo numa ética
familiar e social de tradição milenar chinesa. A esta ética pertencia, por
exemplo, o culto dos antepassados, cujo corpo era oferecido intacto após a morte.
Por esse motivo, era impensável autopsiar cadáveres. É também este o motivo pelo
qual a interpretação chinesa da anatomia e da psicologia se diferencia
nitidamente da interpretação ocidental.
Os médicos chineses baseavam a sua
interpretação das doenças estritamente na observação e no diagnóstico feito em
pessoas vivas e intactas. Foi assim que ao longo dos séculos se desenvolveu na
Medicina Chinesa, a arte da observação, que se continuou a aperfeiçoar ainda
mais com a difícil auto-disciplina mantida pelos observadores.
Para Confúcio, uma boa formação de personalidade era
condição ideal para a preservação da ética social tradicional. Segundo este
filósofo, o conceito de solidariedade para com o próximo tinha um significado
central. É a partir desta convicção que evoluem as cinco virtudes principais do
Confucionismo: amor, lealdade, sabedoria, moralidade e respeito.
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