quarta-feira, 15 de outubro de 2014

MASSAGEM CHINESA PEDIÁTRICA


A Massagem Chinesa Pediátrica, uma adaptação da Tuina para adultos, é habitualmente considerada como uma das melhores formas de tratamento para bebés e crianças. Por diversas razões:
- pelo vasto número de indicações terapêuticas;
- por ser um método simples, seguro e sem dor;
- porque não tem efeitos secundários;
- requer um período de tratamento curto.

1.       Breve História da  Pediatria em MTC
A Pediatria é uma das mais antigas especialidades em Medicina Tradicional Chinesa.
Existe Literatura Clássica desde a dinastia Han – 200 anos d.C. surgem primeiros capítulos dedicados exclusivamente a Pediatria.
Na dinastia Song,  Qian Yi (1032-1113) foi um dos primeiros e mais famosos especialistas pediátricos em Medicina Chinesa e autor do primeiro livro dedicado somente a Pediatria em toda a literatura médica chinesa - Xiao Er Yao Zheng Zhi Jue - A collection of Essential Pediatric Patterns & Treatments.

2.       Características da Tuina Pediátrica
É particularmente efectiva em condições, tais como:
- inabilidade para sugar o leite materno, regurgitação de leite, choro nocturno, nascimento dos dentes, irritabilidade, inquietação, insónia, má nutrição infantil, sede, convulsões agudas e crónicas, vómito, diarreia, febre, frio, tosse seca ou com expectoração, asma, alergias, bronquite, conjuntivite, enurese nocturna (urinar na cama, durante a noite), obstipação, problemas de pele.
Não existem contra-indicações relativamente a esta terapia, à excepção de problemas dermatológicos graves na área de manipulação (onde se executam as técnicas de massagem).
Por envolver manipulações na superfície do corpo, serão activadas reacções fisiológicas que irão restaurar as normais funções do corpo, fortalecendo assim, a resistência a factores patogénicos.

3.        Importância da Alimentação

Devido à imaturidade de alguns órgãos (Baço, Pulmão e Fígado), inerente às crianças, a maioria das patologias são causadas por inadequados hábitos alimentares. Assim, é parte integrante desta terapêutica ajustar alguns aspectos na alimentação da criança. Deste modo, o sucesso do tratamento será potencializado.



Artigos Relacionados:

"O MITO DO LEITE DE VACA COMO ALIMENTO NATURAL MAIS COMPLETO"
"TRANSIÇÃO DIETÉTICA"
"FÁRMACOS"



terça-feira, 16 de setembro de 2014

O MITO DO LEITE DE VACA COMO ALIMENTO NATURAL MAIS COMPLETO 2/2

(Conclusão do artigo anterior)



O leite é a secreção da glândula mamária das fêmeas dos mamíferos, classe à qual o homem pertence, e é o primeiro alimento que a natureza predispõe para os pequenos seres de qualquer raça, conotando-se como um alimento espécie-específico. O que significa que cada espécie animal tem o seu tipo de leite.

O conceito de leite não deve, então, ser alterado ou dissociado deste significado, a menos que se pretenda gerar confusão e incompreensão na mente das pessoas. Os grandes produtores de produtos lácteos e ilusionistas da publicidade convenceram as pessoas de que o leite de vaca é o alimento por excelência, e que se trata consequentemente, do alimento mais completo para o homem. Desenganem-se os que se iludem!

Acrescenta-se ainda que os bebés não toleram bem o leite de vaca durante a amamentação, e nem mesmo depois do desmame, fase em que há a redução ou perda da enzima lactase, capaz de metabolizá-lo. Calcula-se que 50% da população mundial é intolerante ao leite (ou pelo menos é esta a percentagem de quem já reparou nisso…).

As crianças que se alimentam de lacticínios e homogeneizados são sempre mais susceptíveis de terem alergias, intolerâncias alimentares, perturbações digestivas, problemas de pele, do sistema respiratório, isto porque o seu sistema imunitário é débil. Resultam ainda problemas de inquietação, insónia, asma, faringite, tosse, refluxo gastro-esofágico-faríngeo, predisposição de adoecer facilmente.
Estas crianças, em vez de serem alimentadas de acordo com a sua natureza, são frequentemente tratadas com fármacos; com o passar dos anos, é-lhes diagnosticada a patologia da moda – ADHD2 – e são administrados psicofármacos.3



2. ADHD, Attention Deficit Hyperactivity Disorder, ou Síndrome de Hiperactividade e Défice de Atenção.
3. Para mais informação sobre abuso d epsocofármacos em crianças, pesquise em www.giulemanidaibambini.org



Michele Riefoli, Mangiar Sano e Naturale, Macro Edizione, 2011, Italia


O MITO DO LEITE DE VACA COMO ALIMENTO NATURAL MAIS COMPLETO 1/2



O leite materno para um recém-nascido é o alimento mais completo? Verdade!
O leite de vaca é o alimento mais completo para adultos e crianças? Absolutamente, não.

O leite de vaca será o melhor alimento para o vitelo mas contém medidas nutricionais desproporcionadas relativamente àquelas que o ser humano necessita (adulto ou criança). Observe-se a seguinte tabela:

Composição do leite materno relativamente ao leite de vaca
Em g por 100g de leite
Tipo de leite
Proteínas
Lípidos
Açúcares
Colostro
(primeiro leite materno)
2,7
2,0
5,0
Leite de transição
(materno)
1,6
2,8
6,5
Leite maduro
(materno)
1,1
3,2
7,0
Leite de vaca
3,2
3,7
4,8

O leite de vaca, relativamente ao leite materno nas fases madura ou de transição1 , contém poucos açúcares, demasiada gordura (lípidos) e sobretudo o triplo de proteínas.
O leite de vaca existe na natureza para fazer crescer o vitelo, que em poucas horas deve ser capaz de caminhar e de desenvolver a massa muscular necessária. O desenvolvimento corpóreo de um vitelo requer exactamente aquela proporção de nutrientes enquanto que um bebé tem necessidade de alimentar principalmente o sistema nervoso (açúcares) e de respeitar o seu ritmo de crescimento.

No que diz respeito à diferença na composição proteíca entre os dois tipos de leite, para além do aspecto quantitativo, há também o aspecto qualitativo de grande importância. Pela tabela que se segue, verifica-se que, no leite de vaca as caseínas representam 80% do total de proteínas, e que no leite materno representam apenas 35% do total de proteínas.

Distribuição das proteínas do leite em diversas espécies animais
% sobre o total proteíco
Mamífero
Caseínas
Seroproteínas
Mulher
35
65
Vaca
80
20
Ovelha
84
16
Cabra
84
16
Burra
33
67

caseínas chegam ao ambiente ácido do estômago e formam um enorme coágulo difícil de ser digerido pelas enzimas proteolíticas (enzimas imaturas do sistema digestivo) do recém-nascido. De facto, a natureza fornece no primeiro leite (colostro) uma percentagem proteica de 2,7%, pelo que a presença de caseína é quase zero; no leite maduro a presença de caseína pode chegar aos 35% do total de proteínas, sendo que este, desce até cerca de apenas 1%.
Oposta é a situação relativamente à sieroproteína. Por outras palavras, o leite materno é completamente diferente do de vaca, cabra, ovelha; mas, no entanto, é muito semelhante ao da burra, de acordo com a proporção destas duas proteínas.
Acerca da sieroproteína (lactoalbumina, sieroalbumina, imunoglobulina) é importante recordar que no leite materno, sobretudo no colostro e no leite de transição, estão presentes as imunoglobulinas IgA (praticamente ausentes no leite de vaca) que têm a função de ajudar o ainda débil sistema imunitário do bebé a neutralizar as macromoléculas (vindas do exterior) que poderiam eventualmente instalar-se no corpo e causar patologias.
Quando se introduz leite de vaca no lugar de leite materno, as defesas imunitárias são muito baixas e o bebé vai facilmente lidar com infecções ou alergias, exactamente por esta razão.

1. O leite maduro é aquele que se produz a partir da primeira ou, no máximo, entre a primeira e a segunda semana. O leite que é produzido depois do colostro (1º leite) chama-se leite de transição e tem características intermédias.

(artigo concluído no artigo seguinte)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

PROJECTO CHINA


O China-Cornell-Oxford Project (conhecido como Projecto China) é o estudo mais abrangente sobre a associação entre alimentação e doenças na história da Medicina. O The New York Times chamou a esta investigação "O Grande Prémio de todos os estudos epidemiológicos" e "o estudo mais extenso e mais abrangente alguma vez levado a cabo sobre a relação entre a alimentação e o risco de desenvolvimento de doenças".

Sob liderança do Dr. T. Colin Campbell, da Universidade de Cornell, este estudo fez descobertas que viraram a comunidade das Ciências da Nutrição do avesso. Para surpresa de muitos, o Projecto China revelou que muitos dos factos que se incluíam na nutrição eram manifestamente falsos - como as afirmações do artigo anterior.

A China foi o local ideal para a realização deste estudo, já que a população numa determinada área do país fazia uma alimentação completamente diferente de outra que vivia a poucos quilómetros. Ao contrário do Ocidente, no qual todos temos uma alimentação muito semelhante, a China rural era um "laboratório natural" para estudar a complexa relação entre alimentação e doenças.

No âmbito deste estudo ocorreram descobertas fascinantes:
- quando o consumo de produtos de origem animal se aproximava de zero, os valores relativos à incidência de cancro diminuíam (nas áreas do país em que isto acontecia, praticamente não havia enfartes nem cancro);
- havia uma associação significativa entre a ingestão de proteína animal (mesmo que baixa) e os enfartes, e que estes eram prevenidos pelo consumo de verduras.

Produtos de Origem Animal - baixo (ou nenhum) teor de nutrientes que nos protegem contra o cancro e contra os enfartes - fibras, antioxidantes, fitoquímicos, folatos, vitamina E e proteínas vegetais. São ricos em substâncias que as pesquisas científicas têm demonstrado estar associadas à incidência destas doenças - gorduras saturadas, colesterol e ácido araquidónico. Estão também associados a elevados níveis da hormona IGF-1 no sangue, um conhecido factor de risco para variados tipos de cancro. O consumo de carnes magras e de aves ainda demonstrava uma forte relação com a elevada incidência de cancros. 



Dr. Joel Fuhrman, "Comer para Viver", Lua de Papel, 2014


O QUE SABE SOBRE NUTRIÇÃO?



VERDADEIRO OU FALSO?

1. Precisamos de leite para obter o cálcio, que nos protege contra a osteoporose.
2. Uma alimentação com elevado teor de proteína é saudável.
3. A melhor fonte de proteína está nos produtos de origem animal, como as carnes vermelhas, o frango, os ovos, o peixe e os produtos lácteos.
4. Os alimentos de origem vegetal não têm proteína suficiente.
5. Para obter a quantidade de proteína adequada com uma alimentação à base de produtos de origem vegetal, devemos combinar determinados alimentos para garantir que recebemos o complemento total de aminoácidos necessários em cada refeição.
6. Podemos proteger-nos contra o cancro mudando para uma alimentação à base de produtos de origem animal, como o frango, o peixe e o leite magro e deixando as carnes vermelhas.



A resposta a todas as afirmações acima mencionadas é FALSO!



Dr. Joel Fuhrman, "Comer para Viver", Lua de Papel, 2014

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A ARTE DE MASTIGAR

O processo digestivo inicia-se pela arte de mastigar. Mastigue muito bem para polarizar os alimentos com o seu organismo e para permitir uma boa digestão sem obstruções.

Se tem pressa no tempo da refeição, simplesmente mastigue e deixe que o mastigar o acalme. Sentir-se-á agradecido e desfrutará de todos os sabores e aromas.


A digestão dos hidratos de carbono começa na boca. A arte de mastigar converte os cereais e outros hidratos de carbono complexos em açúcares e produz azeites, proteínas e minerais que ajudam na sua máxima absorção. Os alimentos integrais de origem vegetal, especialmente os cereais integrais, devem misturar-se bem com a saliva e serem mastigados até que o líquido solte todo o seu valor nutritivo. Se não mastiga adequadamente, sentir-se-á pesado, terá gases e não se nutrirá. A carne, as gorduras, os doces e os alimentos processados satisfazem de imediato o desejo pelo sabor, mas pouco tempo depois, fazem “adormecer” as papilas gustativas. Quanto mais se mastiguem estes alimentos, pior se tornará o seu sabor. Quanto mais se mastiguem os hidratos de carbono integrais, mais doce será o seu sabor. É importante tornar mais eficiente a digestão pois assim começará a sentir o seu corpo mais leve.
Para iniciar o seu hábito de mastigar correctamente, inicie a sua refeição mastigando cada porção de comida 30 a 50 vezes. Isto permitirá que pouse os seus talheres por alguns momentos.

O nutricionista americano Horace Fletcher (1849-1919) tornou-se famoso pelo “fletcherismo”a arte de mastigar minuciosamente. As tradições japonesas e chinesas também nos ensinam os benefícios de mastigar a comida muito bem. Actualmente, a maioria das pessoas tem que reaprender esta arte esquecida para poder obter uma transição dietética com êxito e disfrutar dos alimentos integrais.



REACÇÕES DE CURA (Transição dietética)

As reacções sentem-se de forma idêntica a uma doença ou trauma emocional, mas muitas vezes, com menor intensidade.  A maioria das reacções significam que o corpo está a eliminar toxinas. As manifestações podem ser sérias, graves ou moderadas dependendo da habilidade necessária que a pessoa tenha para controlar o processo.


1. Tensão ou dor na parte superior das costas e pescoço, pode irradiar até à cabeça, ao abdómen, braços ou pernas; até à parte mais alta da cabeça e dedos das mãos e dos pés. Pode ocorrer nos órgãos internos - área do Fígado (abaixo do lado direito da caixa torácica). A dor de cabeça é comum;

2. Vómito;

3. Gases, borborismos (ruídos) intestinais, diarreia, etc;

4. Debilidade, perda de peso, sensações de frio e/ou calor (o corpo está a eliminar violentamente as toxinas, antes de iniciar os processos de reconstrução e fortalecimento);

5. Reacções típicas emocionais – impaciência, intolerância, coragem/depressão;

6. Maior sonolência e sonhos muito irreais;

7. Menstruação cessa, em algumas situações (reaparece assim que a digestão fique estável e as funções do Fígado e Rins reestabelecidas);

8. Desejo sexual diminui, especialmente nos homens, mas tornar-se-á mais equilibrado que anteriormente (função dos Rins e Suprarrenais é fortalecida);

9. Possíveis descargas/excreções – forúnculos, borbulhas, odor intenso do corpo, fluídos nasais e vaginais, língua com capa, fezes escuras.

A maioria das “reacções de cura” implicam dor e eliminação de excreções, acontecem durante menos de uma semana, mas em alguns casos duram mais tempo. Nesta etapa, o corpo necessita menos da função sexual/reprodutiva pelo que o ressurgimento da energia sexual e menstrual pode tardar mais algum tempo. Não é recomendável que uma mulher mude drasticamente a sua alimentação durante a gravidez pois a libertação de toxinas pode prejudicar o feto, podendo originar aborto espontâneo. Deve, isso sim, não ingerir produtos extremos como substâncias tóxicas, produtos altamente refinados e repletos de químicos.






TRANSIÇÃO DIETÉTICA

A alteração do tipo de dieta implica mudanças de estilo de vida e atitude que dependerão de cada indivíduo – da sua decisão e compromisso, da sua força ou debilidade, das diferenças entre a dieta prévia e a nova e da rapidez da transição dietética.



“A relação entre alimento e personalidade não é claramente precisa, uma vez que algumas pessoas comendo mal, ainda mantêm integridade emocional. Uma dieta inadequada, no entanto, desgastará eventualmente os corpos e as mentes mais fortes”.

Seguindo um caminho através de uma acção acertada, avançamos aceleradamente através de ciclos de consciência. Para progredir é necessário resolver todas as situações negativas acumuladas no nosso corpo e mente, seleccionando actividades apropriadas a cada momento. 
A transição para uma dieta apropriada é uma decisão individual, assim o desenrolar deste processo variará de pessoa para pessoa.
Para as pessoas que escolhem uma dieta para impressionar os outros, para estar na moda, para obter mais poder ou para se tornarem “sãs” sem nenhuma intenção de partilhar com os outros aquilo que se aprende, a transição dietética será muito mais difícil.
Quando se escolhe uma dieta porque se é guiado por princípios ideais, como escolher uma dieta por ser mais humana – não promovendo a morte de animais (vegetarianismo) ou não exercendo nenhum poder ou opressão sobre populações de países em desenvolvimento (evitar produtos de corporações multinacionais) – então, haverá menos complicações na transição dietética, existirá uma atitude mais sã e assim, será possível um melhor discernimento face à futura selecção de alimentos para a dieta.

Quando uma nova dieta se adopta, podem acontecer algumas reacções devido a mudanças nos processos bioquímicos que ocorrem dentro de cada célula. Se a nova dieta é mais purificadora, então as velhas toxinas libertam-se, algumas vezes provocando incómodo e sensações de mau-estar -  a isto, se chamam “reacções de cura”. Tais alterações a nível celular afectam também a mente e emoções, transformando padrões mentais e emocionais enraizados no ADN e ARN nas células do nosso corpo.