segunda-feira, 17 de outubro de 2016

HUANG DI NEI JING - O Livro do Imperador Amarelo


Huang Di Nei Jing - O Livro do Imperador Amarelo - o mais antigo cânone existente de Medicina Tradicional Chinesa, é composto por duas partes: Su Wen (Questões Simples) e Ling Shu (Pivô Espiritual). Cada parte contém 81 capítulos.

A data exacta em que o texto original foi escrito não se sabe ao certo, mas pensa-se que Huang Di Nei Jing foi compilado no período entre as dinastias Reino dos Combatentes (475 a.C. - 221 a.C.) e Han (206 a.C. - 220 d.C.) ou possivelmente, à volta do séc. I a.C.
A obra, tal como a conhecemos, chegou até aos nossos dias tendo sido transcrita por Wang Bing durante a dinastia Tang (em 762 d.C.). É impossível saber que modificações foram introduzidas por Wang Bing no texto original, mas é certo que a secção sobre os Cinco Movimentos e as Seis Energias (qi) foi adicionada nesta época.

Este clássico de MTC reúne um conjunto de teorias e experiências (ensaios clínicos) de médicos de diferentes escolas de pensamento, onde se podem encontrar os seguintes aspectos:

1. Teoricamente, o Su Wen discute os princípios do Yin/Yang, cultivação da vida em diferentes estações do ano e a fisiologia e patologia dos diferentes órgãos e meridianos; o Ling Shu relaciona-se com temas sobre acupunctura e moxabustão. Raramente se mencionam tratamentos específicos à base de medicamentos; discute-se sobretudo acerca de órgãos, alimentação e compatibilidade entre medicamente baseada na teoria do Wu Xing (Cinco Elementos);

Figura anatómica, representando órgãos internos, da dinastia Qing (1644-1911).

2. A maioria dos temas são abordados sob a forma de diálogo entre Huang Di (um grande e legendário rei na China antiga) e seus ministros Qi Bo, Lei Gong e Bo Gao. As perguntas e respostas reflectem as diferentes ideias em medicina. Estas ideias baseiam-se na teoria Wu Xing (Cinco Elementos) diferenciando cinco categorias - Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água - e na teoria Yin/Yang diferenciando seis grupos (níveis energéticos) - Tai Yang, Shao Yang, Yang Ming, Tai Yin, Shao Yin e Jue Yin;


3. Geralmente, o Ling Shu é tida como a parte mais fácil de entender e parece ter sido compilada depois do Su Wen. Mas no Su Wen encontram-se referências ao Ling Shu. Isto revela que as duas partes se influenciaram mutuamente. As teorias contidas no Su Wen e Ling Shu foram sendo fortemente influenciadas pelo desenvolvimento da Medicina Tradicional Chinesa, ao longo de diferentes dinastias.


Adaptado de Tradicional Chinese Medicine, Liao Yuqun, China Intercontinental Press, 2006
I Canali di Agopuntura, Giovanni Maciocia, Elsevier Masson, 2008

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

MOXABUSTÃO


A Moxabustão é uma técnica terapêutica utilizada em Medicina Chinesa.
Acupunctura e Moxabustão são geralmente consideradas como fazendo parte de uma mesma terapia (o termo em chinês zhen jiu refere-se a ambas).
Em 1983, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu-as nas terapias convencionais.
Em 2010, as duas foram declaradas Património Cultural Imaterial da Humanidade.


A Moxabustão é uma técnica mais ancestral do que a Acupunctura. É utilizada desde o ano 200 a.C. Trata-se de uma das melhores práticas da Medicina Chinesa para tratar e prevenir problemas de saúde.
Segundo a Medicina Chinesa:
"Quando uma doença não responde às ervas e à acupunctura, a moxabustão é a técnica de eleição".

MAS O QUE É A MOXABUSTÃO?
É uma terapia utilizada na Medicina Tradicional Chinesa que utiliza o calor gerado pela combustão da moxa (Artemisia vulgaris), com o fim de estimular determinados pontos do corpo.


O calor gerado durante a Moxabustão ajuda a aumentar o fluxo de energia vital por todo o corpo, através dos meridianos, e a restabelecer assim o equilíbrio interno. A estimulação destes pontos activa os sistemas circulatório e imunitário e aumenta a capacidade curativa do nosso próprio corpo.
A artemisia é uma erva única pelo comprimento de onda que gera. Pode aquecer até 125ºC . Este calor é muito especial e foi considerado único, devido às suas excelentes propriedades.

A Moxabustão, tal como a Acupunctura, influencia várias áreas corticais, subcorticais límbicas e o tronco cerebral (1), relaxando o organismo, estimulando o sistema imunitário e aumentando a sensação de bem-estar geral.

COMO SE PRATICA A MOXABUSTÃO?
Existem dois tipos de Moxabustão:
Directa - um pedaço de algodão de moxa é moldado na forma de bago de arroz ou de cone e aplicado directamente na superfície da pele no ponto de acupunctura escolhido. Pode criar uma pequena cicatriz ou ficar apenas avermelhado, pelo que este método só deverá ser utilizado por especialistas;

Indirecta - utilizam-se alguns materiais entre o cone de moxa e a superfície da pele:


a) Gengibre - trata síndromes de debilidade e frio, por exemplo dores abdominais, dores nas articulações, diarreia, vómitos, náuseas, etc.
b) Alho - trata úlceras da pele, reacções alérgicas motivados por picadelas de insecto, tuberculose, etc.
c) Sal - trata dor aguda do abdómen, diarreia infecciosa, vómitos, AVC, paralisia corporal, etc.

Ou Moxabustão com bastões (indirecta), que é o método mais usado na Europa e Estados Unidos e o mais simples que se pode eleger para fazer em casa!
As técnicas com bastão de moxa podem variar de acordo com a situação que se deseja tratar; contudo, a sua eficácia revela-se predominantemente em problemas pediátricos, pacientes em estado de coma e pessoas que perderam sensibilidade na pele, tratam a dor e a neuropatia derivadas da quimioterapia (adormecimento das pernas ou dos braços).



A técnica executa-se fazendo arder a moxa colocada sobre um ponto ou zona específica do corpo. Tem-se uma agradável sensação de calor e as cinzas não dispersam nem caem sobre o paciente. O calor penetra em profundidade no corpo sem danificar a pele (podendo esta apresentar-se apenas avermelhada ou com leve prurido, durante ou imediatamente após o tratamento).

Por último, importa referir que a Moxabustão é uma terapia coadjuvante do tratamento com quimioterapia (2) e radioterapia (3), já que aumenta a eficácia destas e diminui os seus efeitos secundários, sobretudo vómitos e náuseas, boca seca ou xerostomia.(4)
Também trata dor provocada pelo cancro (5, 6) e melhora a qualidade de vida de pacientes oncológicos.(7) Para além disso, melhora a função das células imunitárias mediante vários mecanismos.



A Moxabustão é especialmente recomendada em pediatria, ginecologia, oncologia, pós-operatório e problemas gastrointestinais.


(1) Hui, K. K., et al., Acupuncture modulates the limbic system and subcortical gray structures of the human brain: evidence from fMRI studies in normal subjects. Hum Brain Mapp. 2000; 9: 13-25.
(2) Liu, J., Yu, R. C., Rao, X. Q., Study on Effect of Moxibustion and Guben Yiliu 2 Combined with Chemotherapy in Treating Middle-Late Stage Malignant Tumor. Chin J Integr Tradit West Med. 2001, 21:262-4.
(3) Chen, K., et al., Clinical Study on Treatment of nasopharyngeal carcinoma by radio and chemotherapy with supplementary Moxibustion on Shenque point. Chin J Integr Tradit West Med. 2000; 20:733-5.
(4) Cheng, Z., Jiang, Chen, K., Radiochemical and chemotherapy therapy with Shenque Point Moxibustion treatment of 42 cases of advanced nasopharyngeal carcinoma. New J Tradit Chin Med. 2005; 37:58-9.
(5) Kuai, L., Chen, H., Yang, H.Y., Current status and prospect of acupuncture-Moxibustion in treatment of cancer pain: a review. Zhong Xi Yi Jie He Xue Bao. 2008, fevereiro; 6 (2): 197-202.
(6) Zhang, J. L., et al., Research of Moxibustion therapy for cancer: a review. Jiangxi J Tradit Chin Med. 2008; 39: 59-61.
(7) Bian, D., et al., Effects of Acupoint-injection plus Moxibustion on IL2/IL 2R expression in peripheral blood in the patient with carcinous pain. Chin Acupunct Moxibustion. 2004; 24: 641-4.


RINITE ALÉRGICA em Medicina Chinesa


Rinite alérgica é uma condição patológica que geralmente se manifesta por frequentes ataques de espirros, descargas nasais ou bloqueio das vias respiratórias. Pode ser sazonal, acontecendo apenas num período específico do ano, ou permanente, acontecendo (ainda que por episódios) durante todo o ano.

A Rinite alérgica sazonal é muitas vezes chamada a febre-dos-fenos- manifestação alérgica provocada pela inalação do pólen de certas flores, na época de floração; pelo que se verifica frequentemente na Primavera.

A Rinite alérgica - sazonal ou permanente - deve-se a uma reacção de hipersensibilidade a certas substâncias que afectam as membranas mucosas do nariz e vias respiratórias.

Estima-se que entre 2 a 20% da população mundial seja afectada por Rinite alérgica. A sua prevalência máxima acontece durante a adolescência, sendo que mais de 30% dos jovens sofre destes sintomas nos períodos de Primavera e Verão.

Em Medicina Chinesa:

Rinite alérgica ou febre-dos-fenos é uma desordem caracterizada por ataques agudos de comichão nasal, congestão nasal, descargas nasais aquosas e espirros. 
Os episódios ocorrem frequentemente em intervalos curtos ou períodos de remissão, entre os ataques. Os ataques normalmente acontecem durante a manhã ou à noite.
Os sintomas podem apresentar-se de forma sazonal ou permanente.

No tradicional clássico de Medicina Chinesa - Huang Di Nei Jing (O Livro do Imperador Amarelo) - a Rinite Alérgica é representada por dois conceitos (ou sintomas):
- "Bi qiu";
- "Qiu ti".
O 1º refere-se a profusa descarga nasal aquosa; o 2º a espirros e a profusa descarga nasal aquosa.

De acordo com a Medicina Chinesa, o nariz tem funções respiratórias e relaciona-se com o olfacto; está associado às funções dos órgãos Pulmão, Rins e Baço e correspondentes meridianos. Os Pulmões abrem-se no nariz, sendo que a função nasal depende maioritariamente da energia (qi) dos Pulmões. O livre fluir da energia dos Pulmões mantém abertas as vias respiratórias e um adequado sentido de olfacto. O meridiano Vaso Governador (Du Mai), que percorre a linha média posterior do corpo, é controlado pelos Rins e passa pelo nariz.Os Rins comunicam então com o nariz. O Baço é o órgão primário da digestão e a sua principal função é transformar a comida em essência (jing). Esta é depois transportada até aos Pulmões e Coração, onde se transforma em energia (qi) e sangue (xue). O normal funcionamento do Baço promove o correcto funcionamento do Pulmão; quando o Baço está débil surgem desordens relacionadas com humidade/mucosidades (fleuma).

TRATAMENTO:

- Tuina (massagem chinesa) e/ou Acupunctura realizadas nas regiões dorsal e lombar, em pontos com acção específica nos órgãos Pulmão, Baço e Rim, na face percorrendo pontos que aliviam congestão nasal e resolvem descargas nasais; nos membros superiores e inferiores, em pontos que tratam quadros de debilidade ou de humidade, associados à patologia.


- Ventosas colocadas na zona dorsal, sobretudo ao nível dos pontos de assentimento do Pulmão.
- Moxabustão realizada com cones de moxa (artemísia vulgaris) em pontos que beneficiem as funções do Pulmão e tratem o quadro de deficiência/humidade.
- Prescrição de Fitoterapia (fórmulas de ervas medicinais chinesas adequadas a cada caso em particular, de acordo com diagnóstico estabelecido).

A combinação de duas ou mais técnicas dependerá do diagnóstico estabelecido mas terá sempre como princípios terapêuticos promover o livre fluir da energia do Pulmão e beneficiar as vias respiratórias.








quinta-feira, 13 de outubro de 2016

VERÃO TARDIO - o intervalo entre todas as estações



Atribui-se a denominação de "Verão tardio" a uma "estação do ano" relativamente curta, pouco reconhecida, que ocorre aproximadamente no último mês de Verão e que se encontra a meio do ano, no calendário chinês.*

Corresponde ao ponto de transição de yang para yin, entre as fases expansivas de crescimento da Primavera e o Verão e as estações internas, mais frias, mais misteriosas do Outono e Inverno.
Trata-se de uma estação agradável, tranquila e florescente, é como se o tempo se detivesse contemplando o espaço que a Natureza ocupa.

Fala-se de unidade, harmonia e aquecedor médio (estômago e baço-pâncreas) - invocados períodos que intercalam as várias estações do ano.

- Como se adaptar a este "Verão tardio"?

"Pode-se escutar as suas correntes subtis, como se vivêssemos no instante em que o pêndulo inverte a sua oscilação. Encontrar os ritmos e os ciclos que fazem a vida simples e harmoniosa".

Referimo-nos, nesta época, ao equilíbrio, ao centro... Pelo que devemos tentar transformar condições rígidas (no corpo ou em situações de vida) ou desordens mentais/físicas em aspectos que nos permitam a concentração (que nos centrem!), a flexibilidade e o cumprimento de (pelo menos algumas) rotinas. 
As sugestões podem ir desde a prática regular de uma actividade física moderada, a aulas de pilates, yoga, tai chi, meditação até à respiração consciente e profunda




Num local tranquilo, de temperatura amena e sem hipótese de ser incomodado (a) - pode ser espaço interior ou exterior; inspire, pouco a pouco, profundamente enchendo o abdómen, o nosso centro físico, e depois, gradualmente dirija a respiração para cima, até ao peito, enchendo os pulmões, continue a inspiração até senti-la nos ombros e base do pescoço; a partir daqui expire devagar, esvaziando primeiro peito e por fim abdómen (no sentido inverso ao da inspiração). Tranquilamente, repita o exercício as vezes que necessitar e se sentir confortável. Realize o exercício pelo menos duas vezes por dia (5 minutos de cada vez).


* O ano chinês inicia em Fevereiro, com uma ligeira variação do dia exacto a cada ano.




quarta-feira, 12 de outubro de 2016

ADAPTANDO-SE ÀS ESTAÇÕES


Os chineses acreditam que as estações do ano têm um efeito cíclico profundo no desenvolvimento e no bem-estar do ser humano - que somos influenciados pelas alterações climáticas e que devemos viver em harmonia com estes.

Por exemplo, quando o Verão (yang) chega ao fim, damo-nos conta que o Outono e o Inverno (yin) já estão próximos e que, nossa mente e corpo se vão adaptando gradualmente, dia-a-dia. Se vivemos numa região com Invernos muito frios, conforme o clima se vai tornando mais frio, é necessário que o sangue se torne mais viscoso; aceitar, de forma consciente, a mudança gradual de estação fará com que o a nova estação seja um período de beleza e comodidade, em vez de um período de apreensão.

A harmonia com as estações do ano é natural para a pessoa equilibrada. Infelizmente, a maioria de nós temos vindo a insensibilizar o nosso conhecimento instintivo e apenas com práticas que nos aproximem dos ciclos da Natureza é que iniciaremos a ouvir a voz clara da nossa natureza. As práticas (ao contrário das teorias) são gradualmente interiorizadas e isto faz com que seja possível sentir uma confiança mais completa na nossa intuição.

As primeiras obras clássicas do Oriente (e Ocidente) sugerem que sigamos a nossa direcção espiritual (yang - céu), ao mesmo tempo que estabelecemos uma correspondência entre nós e a Natureza (yin - terra):

"O fundamento das interacções entre as  quatro estações do ano e o yin e o yang é a base de tudo na criação. Assim, os iniciados nutrem o seu yang na Primavera e Verão, e nutrem o seu yin no Outono e Inverno, com o propósito de seguir a regra das regras; portanto, ao estar unificado com o todo na criação, os iniciados mantêm-se na Porta da Vida." 
 Medicina Interna Clássica






segunda-feira, 10 de outubro de 2016

WU XING - ANTIGO SISTEMA DOS 5 DINAMISMOS



O sistema dos Cinco Elementos (ou Dinamismos) - Wu Xing - dos antigos chineses ajuda-nos a compreender as ilimitadas correspondências que abarcam cada faceta da vida. Demonstra que padrões simples descrevem a constituição e condição clínica de cada pessoa. Em termos de diagnóstico, permite entender a pessoa como Ser Único, incluindo os seus órgãos internos, emoções, partes do corpo e relação com meio ambiente.
As Cinco categorias dinâmicas entrelaçam-se, reforçam-se e controlam-se entre si, através dos ciclos de "Criação" e "Controlo".

Tabela: Correspondências dos 5 Elementos /Dinamismos: no corpo humano e na Natureza.

Este sistema antigo teve origem em relações ou correspondências mais directas (que muitas vezes não as relacionamos). Por exemplo: desequilíbrios dos Rins relacionam-se com a emoção medo e com alterações urinárias e problemas ósseos.

Mas o que de tão exacto tem este sistema? Desde há milhões de anos que as mesmas correspondências, originalmente propostas se mantêm, iluminando aqueles que as aplicam. A sua exactidão verifica-se com grande êxito por incontáveis praticantes de Medicina Chinesa.
Em vez de se tratar de um sistema rigoroso em si mesmo, os Cinco Elementos funcionam como uma referência de todo o conjunto entrelaçado de filosofia médica chinesa e de sua prática. Os 5 Elementos actuam como auxiliares de memória de certos fundamentos.

Assim, para aplicações clínicas, cada palavra da tabela dos 5 Elementos deve ser interpretada e integrada no elegante e exacto entrelaçado esquema de filosofia chinesa.

Na cura pela dietética, é necessário apenas compreender como funciona a grande maioria das propriedades básicas e importantes deste esquema fisiológico.
Aliadas a bases de fisiologia chinesa, irão ser apresentadas (nos próximos artigos) descrições correspondentes para cada estação do ano.


Adaptado de "Sanando con alimentos integrales. Tradições asiáticas e nutrição moderna", de Paul Pichford

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

IMUNIDADE E CONCEITO DE QI PROTECTOR


O conceito de sistema imunitário, que se utiliza nas áreas de Fitoterapia e Acupunctura chinesas, representa um panorama simples de eficácia inteiramente comprovada.
Em Medicina Chinesa, uma condição patológica (quer seja de origem externa ou interna) depende da força do nosso sistema imunológico - que se relaciona com o termo wei qi ou "qi protector" ou "energia defensiva".

Quando o qi defensivo é forte, doenças virais ou influências climáticas susceptíveis de entrar no corpo, mantêm-se afastadas; se a sua força diminui, as doenças podem entrar no corpo e aí permanecer num nível externo ou superficial; no caso de qi defensivo insuficiente, as doenças podem penetrar até níveis mais internos ou profundos, afectando o funcionamento dos órgãos internos, nervos mais profundos, ossos e vasos sanguíneos.

O qi defensivo é considerado o tipo de energia com mais força no corpo.
Durante o dia distribui-se principalmente por toda a pele e músculos, aquecendo e nutrindo todos os tecidos externos (subcutâneos). Aí circula, abrindo e fechando os poros e glândulas sudoríferas e defendendo o corpo contra factores externos causadores de doenças, tais como: alterações climáticas extremas e ataques por microorganismos.
À noite, o qi defensivo circula a um nível mais profundo do corpo, nos órgãos internos.

Segundo o ensinamento tradicional, o qi defensivo origina-se pela combinação entre: as substâncias essenciais dos alimentos e o ar inspirado.
Este modelo antigo de qi defensivo assemelha-se ao conceito moderno (de sistema imunitário), pois em ambos, a capacidade de absorver os nutrientes e o oxigénio é fundamental para a defesa do ataque de factores patogénicos, isto é, para o correcto funcionamento do sistema imunológico.


Paul Pictford, Sanando con alimentos integrales, North Atlantic Books