segunda-feira, 7 de novembro de 2016

CONFUCIONISMO E MEDICINA CHINESA


A escola de pensamento Confucionista foi fundada por Kongzi (Confúcio) (551-479 a.C.) no final  da dinastia do Período da Primavera e Outono (770-476 a.C.).
Em 134 a.C., um estudante confucionista Dong Zhongshu (179-104 a.C.) convenceu o imperador Han Wudi (que reinou entre 140-87 a.C.) da dinastia Han Ocidental a elevar o Confucionismo à posição de ideologia oficial do estado.
O pensamento Confucionista torna-se então a filosofia dominante na China por um longo período de tempo, exercendo um influência profunda na vida social e na cultura tradicional chinesa.

O Confucionismo e a Medicina Tradicional Chinesa estão intrinsecamente conectados. Ocupando a sua posição no coração da cultura chinesa, o Confucionismo influencia cada aspecto da MTC, sobretudo no que respeita a valores médicos e éticos.

1. MTC e o Conceito Confucionista de Benevolência Ren


Um dos principais pilares do Confucionismo é o conceito de Ren (Benevolência). 
O conceito de Benevolência ocupa o centro na cultura Confucionista, e o seu grande valor mantém-se até aos dias de hoje.

O significado essencial de Benevolência é amar os outros. Em primeiro lugar, as pessoas amam a sua própria família, e só depois expandem o seu amor, tendo como alvo o resto do mundo.
Benevolência significa criar empatia, ser gentil, bondoso, amável, ampliando o conceito de família, para nela incluir toda a humanidade. Esta atitude revela a existência de auto-conhecimento (self-awareness) e de um entendimento da natureza humana, assim como um profundo espírito de humanitarismo.
A essência do amor benevolente é o reconhecimento do intrínseco valor dos outros (de todos), e a capacidade de ver que "eles" não são realmente diferentes de "nós".


Os antigos sábios chineses acreditavam que o contínuo processo de cura (à responsabilidade daqueles que o praticam) é uma expressão de Ren (Benevolência). A visão confucionista de Benevolência dá ênfase à cultivação no sentido de harmonizar o indivíduo e regular o estado. Do mesmo modo, a Medicina Tradicional Chinesa enfatiza o tratamento da doença de forma a harmonizar o corpo e salvar vidas.

"O médico medíocre cura a doença, o médico mediano cura pessoas; o médico superior cura o estado". 

Esta afirmação realça a importância da saúde individual e social, o que faz com que o Confucionismo e a Medicina Tradicional Chinesa partilhem os mesmos valores. 
A MTC atribuí extrema importância à ética pessoal e profissional assente em princípios Confucionistas.

Somente pessoas da mais elevada integridade e habilidade eram consideradas qualificadas para praticar medicina. 


Médicos que seguiam filosofia de Confúcio
  • Hua Tuo (? - 208 d.C.) foi um eminente médico Confucionista da dinastia Han Oriental, conhecido como o Divino Médico.

  • Sun Simiao (581-682 d.C.), conhecido como o Sábio da Farmácia, foi um médico eminente que viveu durante a dinastia Tang (618-907 d.C.). Na sua enciclopédia Bei Ji Qianjin Yaofang (Prescrições para Emergências que Valem Mil Peças de Ouro), Su Simiao descreve a estreita correspondência entre a ética médica em MTC e o conceito Confucionista de amor Benevolente.


  • Zhang Zhongjing (150-219 d.C.) foi um eminente médico que viveu no final da dinastia Han Oriental, numa época em que guerra e caos se prolongaram. Confrontado com o aparecimento descontrolado de muitas doenças, de causas variadas e acompanhadas de uma miséria nunca antes vista, Zhang Zhongjing dedicou-se à compilação e redefinição de todo o conhecimento médico que até então existia. O seu trabalho de prática clínica em MTC, Shang Han Zabing Lun (Tratado pelo ataque de Frio e Diversas Patologias) é considerado um dos clássicos de MTC.

  • Li Shizhen (1518-1593 d.C.), um famoso estudante de medicina da dinastia Ming, reconheceu a existência de fórmulas fitoterapêuticas que continham numerosos erros potencialmente fatais. Determinado a rectificar esta situação, passou 30 anos recolhendo incansavelmente material de toda a China, extraindo conteúdos de mais de 800 textos especializados. O resultado deste árduo trabalho originou o clássico enciclopédico de medicina herbal Bencao Gangmu (Compêndio de Matéria Médica), considerado uma obra de valor benéfico incalculável para a Humanidade. 







quarta-feira, 2 de novembro de 2016

TERAPIA COM VENTOSAS


A Terapia com Ventosas (cupping) é uma antigo método terapêutico - que se fundamenta de acordo com os princípios de Medicina Tradicional Chinesa - no qual o terapeuta coloca uma espécie de copos na superfície da pele durante alguns minutos, criando um efeito de sucção. As ventosas permanecem no corpo durante um período de tempo entre 3 a 10 minutos.
Este método é realizado por diversos propósitos: aliviar dor, tratar inflamação, melhorar circulação sanguínea, promover relaxamento e bem-estar e como um tipo de massagem que actua em tecidos mais profundos.

De que materiais são feitas as Ventosas?
- Vidro;
- Bambo;
- Terracota;
- Plástico;
- Silicone.

A Terapia com Ventosas parece estar agora na moda ou ser um método inovador, mas na verdade é bem antigo. Basta recuarmos a uma ou duas gerações, para se saber que até há bem pouco tempo, os médicos (mesmo no Ocidente) prescreviam o tratamento com ventosas, que seria feito em casa, pelos próprios pacientes. Não será invulgar encontrarmos uns copos de vidro, à partida estranhos, em casa dos nossos avós. 


Pois bem, os primeiros registos desta antiga prática remontam às antigas civilizações Egípcia, Chinesa e do Médio Oriente. Um dos mais antigos textos médicos do mundo, o Ebers Papyrus, descreve como os antigos Egípcios utilizavam a Terapia com Ventosas em 1550 a.C.

Tipos de Terapia com Ventosas

Existem diferentes métodos que se podem agrupar numa de duas categorias: 
- método seco (dry) ou método húmido (wet).

Em qualquer um dos métodos, o terapeuta introduz na ventosa uma substância inflamável tal como álcool, ervas ou papel e ateia-lhe fogo. Logo, de imediato, a ventosa é colocada no corpo do paciente, ficando a abertura da ventosa em contacto com a pele. Assim que o ar no interior da ventosa arrefece, cria-se o vácuo. Isto faz com que a pele suba e se torne avermelhada enquanto os vasos sanguíneos desse local se expandem. A ventosa permanece no local durante pelo menos 3 minutos. 

Uma versão mais moderna desta terapia, utiliza uma bomba de borracha em vez do fogo para criar efeito de vácuo no interior da ventosa. Por vezes, utilizam-se ventosas de plástico ou silicone, as quais se podem mover na pele, de um lado para o outro, assemelhando-se a um efeito de massagem.

No método húmido, cria-se uma ligeira sucção durante 3 minutos. Depois, o terapeuta remove a ventosa e utiliza um pequeno bisturi fazendo leves e minúsculos cortes na superfície da pele. De seguida, o terapeuta coloca novamente a ventosa, no mesmo local, extraindo uma pequena quantidade de sangue.


Numa primeira sessão, poderão ser colocadas entre 3 a 5 ventosas. Ou o paciente poderá optar por experimentar apenas uma e sentir o seu efeito. Normalmente, e numa única sessão, são colocadas entre 5 a 7 ventosas. Ao terminar, o terapeuta utiliza um algodão embebido numa solução dérmica, anti-séptica e bactericida, para prevenir infecções. A pele do paciente voltará a ter o seu aspecto normal ao fim de 10 dias (no máximo).

O método húmido com ventosas parece remover substâncias prejudiciais e toxinas do corpo e promover o processo curativo.

Alguns pacientes são tratados com o método de agulha (needle cupping), no qual o terapeuta insere, em primeiro lugar, agulhas de acupunctura e depois coloca as ventosas por cima (permanecendo a agulha no seu interior).

Na China, a Terapia com Ventosas é preferencialmente utilizada em condições tais como:
- bronquite, asma e congestão nasal;
- desordens gastrointestinais;
- certos tipos de dor;
- depressão;
- redução de edema/inchaço localizado.
Frequentemente, as ventosas são colocadas no pescoço, ombros, costas e abdómen; nos membros superiores e inferiores com menor frequência.


Resultados demonstrados pela Investigação Científica

No que diz respeito a Terapia com Ventosas, a investigação não é muito extensa, no entanto é possível encontrar publicações relativas aos seus efeitos:

- Um relatório publicado no ano 2015, em The Journal of Traditional Chinese and Complementary Medicine, refere que este tratamento pode ajudar nas condições de 
acne, herpes zoster e no controlo da dor;

- Outro relatório, este de 2012, publicado em PLoS One, investigadores australianos e chineses fizeram uma revisão a 135 estudos sobre Terapia com Ventosas. Eles concluíram que este método é efectivo especialmente quando o paciente recorre simultaneamente a outros tratamentos, tais como acupunctura ou fitoterapia, para várias condições, tais como:

  • Herpes zoster;
  • Acne;
  • Paralisia facial;
  • Espondilose cervical (problema causado pelo desgaste dos discos da coluna vertebral que leva a uma diminuição do espaço entre as vértebras cervicais, neste caso);


- A British Cupping Society diz que a Terapia com Ventosas utiliza-se no tratamento de:

  • Desordens do sangue, tais como anemia e hemofilia;
  • Doenças reumáticas como artrite e fibromialgia;
  • Fertilidade e desordens ginecológicas;
  • Problemas de pele como eczema e acne;
  • Hipertensão arterial;
  • Enxaquecas;
  • Ansiedade e depressão;
  • Congestão brônquica causada por alergias e asma;
  • Veias varicosas.

Efeitos Secundários
A Terapia com Ventosas é bastante segura, desde que realizada por um profissional de saúde qualificadoÉ natural que, nos locais onde as ventosas são colocadas na pele, o paciente tenha sensação de pele dorida, hematomas, pele avermelhada ou arroxeada. Como referido anteriormente, a pele do paciente voltará a ter o seu aspecto normal ao fim de 10 dias (no máximo).


Contra-indicações

Apesar dos seus inúmeros benefícios, a Terapia com Ventosas não deverá ser aplicada nas seguintes situações:

  • pele inflamada por lesões cutâneas;
  • febre alta ou convulsões;
  • pacientes com problemas hemorrágicos;
  • grávidas, no abdómen ou zona lombar;
  • se é utilizado o método de deslizamento de ventosas, estas não devem cruzar zonas onde os ossos são mais proeminentes, como zona da coluna vertebral ou o zona das omoplatas.


Adaptado de:

Cupping Therapy, David Kiefer, MD, Agosto 2016, WebMD Medical Reference

Cupping, Acupuncture Today




segunda-feira, 31 de outubro de 2016

TUINA - Massagem Chinesa



História da Tuina

Esta técnica terapêutica remonta à dinastia Shang da China, a 1700 a.C. Começou por ser utilizada para tratar patologias nas crianças e transtornos digestivos nos adultos.

No ano 600 a.C. a Tuina foi incluída na Universidade Médica Imperial como um departamento específico e floresceu em toda a China até à dinastia Qing, época na qual foi suprimida junto a outras práticas da cultura chinesa. Com a revolução comunista, a Tuina foi restituída, juntamente com outras tradições médicas do actual sistema de Universidades de Medicina Tradicional Chinesa.

O corpo humano existe como um sistema circulatório com energia própria. Factores patogénicos externos afectam esta energia (diminuindo-a, exacerbando-a ou bloqueando-a), ficando a sua circulação comprometida, ocorrendo a condição de doença.


A TUINA - Massagem Chinesa - consiste num sistema terapêutico orientado pelos fundamentos teóricos da Medicina Tradicional Chinesa. Utiliza manipulações para estimular pontos específicos ou outras partes do corpo com a finalidade de restabelecer o equilíbrio energético e fisiológico e consequentes efeitos curativos.
Esta técnica inclui o uso das mãos para massajar tecido mole (músculos e tendões), técnicas de pressão que afectam directamente o fluxo de Qi e técnicas de manipulação para reestruturar as relações músculo-esqueléticas e ligamentosas. Para aumentar o benefício terapêutico utilizam-se, por vezes, emplastros à base de ervas medicinais ou bálsamos.

Que problemas trata a Tuina?
- Dores e patologias nas articulações;
- Contracturas musculares;
- Transtornos articulares e nevralgias;
- Patologias internas.

Como é uma sessão típica de Tuina?
O paciente, usando roupa ligeira e descalço, deita-se numa marquesa ou cadeira de massagem. O terapeuta examina os problemas específicos do paciente e dá início ao tratamento, aplicando técnicas pertinentes. Os principais focos de atenção são as zonas mais dolorosas, pontos de acupunctura e/ou meridianos energéticos, músculos e articulações. As sessões podem durar entre 30 a 60 minutos. Geralmente, o paciente sente-se não só relaxado, mas também revitalizado imediatamente após o tratamento.

Benefícios, limitações e contra-indicações
A Tuina é benéfica no tratamento de transtornos músculo-esqueléticos específicos e transtornos do sistema digestivo, respiratório ou imunitário débeis e ainda em situações de stress crónico.

Não é indicada para pessoas que procuram uma massagem sedante e relaxante (no imediato). Não deve ser utilizada quando existem fracturas, flebites, patologias infecciosas, feridas abertas e lesões.






quinta-feira, 20 de outubro de 2016

GRAVIDEZ - POSIÇÃO ANORMAL DO FETO


Uma posição anormal é aquela em que o feto ocupa mais espaço enquanto se desloca pelo canal de parto do que quando se encontra em posição normal.


As posições podálica (as nádegas do feto apresentam-se primeiro, no canal de parto), transversal horizontalmente (os ombros de feto apresentam-se em primeiro lugar no canal de parto) ou de face ou de vértice consideram-se posições anormais do feto. Quando estas se verificam podem ocorrer dificuldades no parto - dificuldade na expulsão do bebé, cordão umbilical comprimido, falta de oxigénio, lesões nervosas, possibilidade de morte da criança.
Muitos médicos recomendam/optam por isso, a realização de cesarianas, nestes casos.

Posição Correcta
A posição mais segura e frequente é a do feto que olha para trás (em direcção às costas da mãe), com a cara voltada para a direita ou para a esquerda e a cabeça está em primeiro (posição cefálica), seguida do pescoço dobrado para a frente, o queixo encolhido e os braços cruzados sobre o peito.


Se o feto se encontrar numa posição ou apresentação diferente, o parto pode ser mais difícil e talvez não seja possível a expulsão pela vagina.

Em Medicina Chinesa

Do ponto de vista da mãe, o crescimento do feto no seu útero, faz gradualmente aumentar as suas limitações em termos de movimento, energia e conforto.
Por outras palavras, é uma grande "massa" Yin (matéria), que cresce constantemente durante nove meses, no seu interior.
O corpo da mãe, particularmente o seu Qi (energia) dos Rins, o seu Jing (essência) e Xue (sangue) dirigem-se para a formação do bebé. 


Normalmente, o bebé apresenta-se de cabeça para baixo, da forma correcta, e percorre o canal de parto no momento certo.
No entanto, todo este Yin necessitará de Yang para ocorrer - o Yang da mãe - que (não surpreendentemente) se sente cansada no final da gravidez (está no limite da sua resistência, sentindo um grande desgaste).
Eventualmente, o feto (a "massa" Yin) inicia a mover-se, primeiro ajustando o seu corpo e depois rodando-o para a posição conveniente - ou seja, a "massa" Yin torna-se mais Yang (move-se).
Mas se essa "massa" Yin falha em desenvolver qualidades Yang, o movimento (ou rotação) necessário para o correcto posicionamento do feto, não acontecerá.

À luz da teoria Yin/Yang, quando Yin atinge o seu máximo transforma-se no seu oposto, Yang, e vice-versa. 

Em acupunctura, o ponto - 67 da Bexiga -  indicado para corrigir a postura fetal encontra-se no final do meridiano da Bexiga (é o último ponto deste meridiano), localiza-se no lado externo do pequeno dedo do pé e tem o nome de Zhiyin, que pode ser traduzido como "Alcançando o Yin" ou "Extremidade do Yin".
O objectivo será utilizar este ponto preferencialmente com Moxabustão (energia Yang), estimulando o movimento natural do feto ("massa" Yin).






Idealmente, a partir das 34 semanas (verificam-se melhores resultados), se existe posicionamento anormal do feto, deve iniciar-se o tratamento utilizando moxa neste ponto, bilateralmente.
O procedimento poderá ser demonstrado aos pais de modo a que estes também o possam realizar em casa (aconselham-se 2 a 3 tratamentos por dia).
Este método é tido como muito seguro. Ainda assim, se a mãe se sentir insegura, ansiosa ou cansada deverá recorrer a um especialista de Medicina Chinesa.

O número de sessões é variável - entre 3 a 7 tratamentos.
Deve verificar-se o posicionamento do feto de 3 em 3 dias (check-up realizado pelo médico obstetra que acompanha a gestante).
O tratamento deverá ser dado por terminado assim que se confirmar que o feto conseguiu mover-se para a posição conveniente.



Recomenda-se a leitura dos artigos:
MOXABUSTÃO
O DIAGNÓSTICO EM MTC
ENTENDER A MEDICINA CHINESA



segunda-feira, 17 de outubro de 2016

OUTONO - Elemento Metal


O Outono é a estação na qual os dias quentes de Verão se tornam gradualmente mais curtos, as folhas começam a sua transformação presenteando-nos com as suas maravilhosas cores, antes de caírem das árvores, preparando-se para o Inverno. Há um frio no ar que nos indica que devemos pôr de parte as roupas frescas de Verão e vestir aquelas que nos aquecem, que se adequam ao frio quem vem chegando.

Toda a essência da Natureza se contrai e se dirige para o interior e de forma descendente. As folhas e as frutas caem, as sementes secam, a seiva dirige-se para as raízes das árvores, onde se aprofunda no solo. As planícies começam a perder o seu verde vivo, transformando-se em tonalidades amarelas, avermelhadas ou castanhas, e iniciam a secar-se.


O Outono é a estação da colheita, uma época para agrupar, recolher e juntar todas as nossas partes, a todos os níveis para nos focarmos no nosso interior.
Um tempo para escolher alimentos de cores vivas que crescem nesta altura do ano, como as abóboras (de vários tipos)!


Esta é a época do ano em que deixamos ir as atitudes mais descontraídas e despreocupadas do Verão e centramos a nossa energia em atitudes mais sérias e introspectivas, associadas ao Outono.

Em Medicina Chinesa, o Outono relaciona-se com o elemento Metal e com o órgão Pulmão. 
Esta estação do ano governa a organização e a definição de limites - passamos de uma natureza exterior e expansiva do Verão, para uma natureza interna e contractiva do Outono.  

É uma excelente ideia terminar projectos iniciados na Primavera e/ou Verão e desfrutar agora de todo o árduo trabalho!
É também um óptimo momento para iniciar projectos que se foquem mais no interno - cultivando corpo e mente - promovendo a introspecção.

A energia do Pulmão é "deixar ir", pelo que o Outono é um belo tempo para,  estar atento, ser consciente e "deixar ir" algo a que tem estado "preso" e, desta forma, criar um espaço para novas experiências que nos ajudarão a aprender e crescer.


"(...) O quadrante Oeste produz secura
Secura produz metal
Metal produz picante
Picante produz o Pulmão
Pulmão produz a pele
Pele e pêlos produzem os Rins
O Pulmão governa o nariz

No Céu, é a secura
Na Terra, é o metal
Das partes do corpo, é a pele e os pêlos
Dos órgãos zang, é o Pulmão
Das cores, é o branco
De notas musicais, é a segunda nota shang
Dos sons, é o soluçar
Das reacções à mudança, é a tosse
Dos orifícios, é o nariz
Dos sabores, é o picante

Das expressões de vontade, é o pesar

O pesar prejudica o Pulmão

Altivez sobrepõem-se o pesar
Calor prejudicam pele e pêlos
Frio prevalece sobre o calor
Picante prejudica pele e pêlos
Amargo prevalece sobre o picante (...)"

Huang Di Nei Jing, Su Wen, Capítulo 5, O Grande Tratado acerca da Correspondência dos Fenómenos e Yin/Yang.




Adaptado de Wu Xing, The Five Elements in Chinese Classical Texts, Elisabeth Rochat de La Valée
Sannado con Alimentos Integrales, Paul Pitchford 



HUANG DI NEI JING - O Livro do Imperador Amarelo


Huang Di Nei Jing - O Livro do Imperador Amarelo - o mais antigo cânone existente de Medicina Tradicional Chinesa, é composto por duas partes: Su Wen (Questões Simples) e Ling Shu (Pivô Espiritual). Cada parte contém 81 capítulos.

A data exacta em que o texto original foi escrito não se sabe ao certo, mas pensa-se que Huang Di Nei Jing foi compilado no período entre as dinastias Reino dos Combatentes (475 a.C. - 221 a.C.) e Han (206 a.C. - 220 d.C.) ou possivelmente, à volta do séc. I a.C.
A obra, tal como a conhecemos, chegou até aos nossos dias tendo sido transcrita por Wang Bing durante a dinastia Tang (em 762 d.C.). É impossível saber que modificações foram introduzidas por Wang Bing no texto original, mas é certo que a secção sobre os Cinco Movimentos e as Seis Energias (qi) foi adicionada nesta época.

Este clássico de MTC reúne um conjunto de teorias e experiências (ensaios clínicos) de médicos de diferentes escolas de pensamento, onde se podem encontrar os seguintes aspectos:

1. Teoricamente, o Su Wen discute os princípios do Yin/Yang, cultivação da vida em diferentes estações do ano e a fisiologia e patologia dos diferentes órgãos e meridianos; o Ling Shu relaciona-se com temas sobre acupunctura e moxabustão. Raramente se mencionam tratamentos específicos à base de medicamentos; discute-se sobretudo acerca de órgãos, alimentação e compatibilidade entre medicamente baseada na teoria do Wu Xing (Cinco Elementos);

Figura anatómica, representando órgãos internos, da dinastia Qing (1644-1911).

2. A maioria dos temas são abordados sob a forma de diálogo entre Huang Di (um grande e legendário rei na China antiga) e seus ministros Qi Bo, Lei Gong e Bo Gao. As perguntas e respostas reflectem as diferentes ideias em medicina. Estas ideias baseiam-se na teoria Wu Xing (Cinco Elementos) diferenciando cinco categorias - Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água - e na teoria Yin/Yang diferenciando seis grupos (níveis energéticos) - Tai Yang, Shao Yang, Yang Ming, Tai Yin, Shao Yin e Jue Yin;


3. Geralmente, o Ling Shu é tida como a parte mais fácil de entender e parece ter sido compilada depois do Su Wen. Mas no Su Wen encontram-se referências ao Ling Shu. Isto revela que as duas partes se influenciaram mutuamente. As teorias contidas no Su Wen e Ling Shu foram sendo fortemente influenciadas pelo desenvolvimento da Medicina Tradicional Chinesa, ao longo de diferentes dinastias.


Adaptado de Tradicional Chinese Medicine, Liao Yuqun, China Intercontinental Press, 2006
I Canali di Agopuntura, Giovanni Maciocia, Elsevier Masson, 2008

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

MOXABUSTÃO


A Moxabustão é uma técnica terapêutica utilizada em Medicina Chinesa.
Acupunctura e Moxabustão são geralmente consideradas como fazendo parte de uma mesma terapia (o termo em chinês zhen jiu refere-se a ambas).
Em 1983, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu-as nas terapias convencionais.
Em 2010, as duas foram declaradas Património Cultural Imaterial da Humanidade.


A Moxabustão é uma técnica mais ancestral do que a Acupunctura. É utilizada desde o ano 200 a.C. Trata-se de uma das melhores práticas da Medicina Chinesa para tratar e prevenir problemas de saúde.
Segundo a Medicina Chinesa:
"Quando uma doença não responde às ervas e à acupunctura, a moxabustão é a técnica de eleição".

MAS O QUE É A MOXABUSTÃO?
É uma terapia utilizada na Medicina Tradicional Chinesa que utiliza o calor gerado pela combustão da moxa (Artemisia vulgaris), com o fim de estimular determinados pontos do corpo.


O calor gerado durante a Moxabustão ajuda a aumentar o fluxo de energia vital por todo o corpo, através dos meridianos, e a restabelecer assim o equilíbrio interno. A estimulação destes pontos activa os sistemas circulatório e imunitário e aumenta a capacidade curativa do nosso próprio corpo.
A artemisia é uma erva única pelo comprimento de onda que gera. Pode aquecer até 125ºC . Este calor é muito especial e foi considerado único, devido às suas excelentes propriedades.

A Moxabustão, tal como a Acupunctura, influencia várias áreas corticais, subcorticais límbicas e o tronco cerebral (1), relaxando o organismo, estimulando o sistema imunitário e aumentando a sensação de bem-estar geral.

COMO SE PRATICA A MOXABUSTÃO?
Existem dois tipos de Moxabustão:
Directa - um pedaço de algodão de moxa é moldado na forma de bago de arroz ou de cone e aplicado directamente na superfície da pele no ponto de acupunctura escolhido. Pode criar uma pequena cicatriz ou ficar apenas avermelhado, pelo que este método só deverá ser utilizado por especialistas;

Indirecta - utilizam-se alguns materiais entre o cone de moxa e a superfície da pele:


a) Gengibre - trata síndromes de debilidade e frio, por exemplo dores abdominais, dores nas articulações, diarreia, vómitos, náuseas, etc.
b) Alho - trata úlceras da pele, reacções alérgicas motivados por picadelas de insecto, tuberculose, etc.
c) Sal - trata dor aguda do abdómen, diarreia infecciosa, vómitos, AVC, paralisia corporal, etc.

Ou Moxabustão com bastões (indirecta), que é o método mais usado na Europa e Estados Unidos e o mais simples que se pode eleger para fazer em casa!
As técnicas com bastão de moxa podem variar de acordo com a situação que se deseja tratar; contudo, a sua eficácia revela-se predominantemente em problemas pediátricos, pacientes em estado de coma e pessoas que perderam sensibilidade na pele, tratam a dor e a neuropatia derivadas da quimioterapia (adormecimento das pernas ou dos braços).



A técnica executa-se fazendo arder a moxa colocada sobre um ponto ou zona específica do corpo. Tem-se uma agradável sensação de calor e as cinzas não dispersam nem caem sobre o paciente. O calor penetra em profundidade no corpo sem danificar a pele (podendo esta apresentar-se apenas avermelhada ou com leve prurido, durante ou imediatamente após o tratamento).

Por último, importa referir que a Moxabustão é uma terapia coadjuvante do tratamento com quimioterapia (2) e radioterapia (3), já que aumenta a eficácia destas e diminui os seus efeitos secundários, sobretudo vómitos e náuseas, boca seca ou xerostomia.(4)
Também trata dor provocada pelo cancro (5, 6) e melhora a qualidade de vida de pacientes oncológicos.(7) Para além disso, melhora a função das células imunitárias mediante vários mecanismos.



A Moxabustão é especialmente recomendada em pediatria, ginecologia, oncologia, pós-operatório e problemas gastrointestinais.


(1) Hui, K. K., et al., Acupuncture modulates the limbic system and subcortical gray structures of the human brain: evidence from fMRI studies in normal subjects. Hum Brain Mapp. 2000; 9: 13-25.
(2) Liu, J., Yu, R. C., Rao, X. Q., Study on Effect of Moxibustion and Guben Yiliu 2 Combined with Chemotherapy in Treating Middle-Late Stage Malignant Tumor. Chin J Integr Tradit West Med. 2001, 21:262-4.
(3) Chen, K., et al., Clinical Study on Treatment of nasopharyngeal carcinoma by radio and chemotherapy with supplementary Moxibustion on Shenque point. Chin J Integr Tradit West Med. 2000; 20:733-5.
(4) Cheng, Z., Jiang, Chen, K., Radiochemical and chemotherapy therapy with Shenque Point Moxibustion treatment of 42 cases of advanced nasopharyngeal carcinoma. New J Tradit Chin Med. 2005; 37:58-9.
(5) Kuai, L., Chen, H., Yang, H.Y., Current status and prospect of acupuncture-Moxibustion in treatment of cancer pain: a review. Zhong Xi Yi Jie He Xue Bao. 2008, fevereiro; 6 (2): 197-202.
(6) Zhang, J. L., et al., Research of Moxibustion therapy for cancer: a review. Jiangxi J Tradit Chin Med. 2008; 39: 59-61.
(7) Bian, D., et al., Effects of Acupoint-injection plus Moxibustion on IL2/IL 2R expression in peripheral blood in the patient with carcinous pain. Chin Acupunct Moxibustion. 2004; 24: 641-4.


RINITE ALÉRGICA em Medicina Chinesa


Rinite alérgica é uma condição patológica que geralmente se manifesta por frequentes ataques de espirros, descargas nasais ou bloqueio das vias respiratórias. Pode ser sazonal, acontecendo apenas num período específico do ano, ou permanente, acontecendo (ainda que por episódios) durante todo o ano.

A Rinite alérgica sazonal é muitas vezes chamada a febre-dos-fenos- manifestação alérgica provocada pela inalação do pólen de certas flores, na época de floração; pelo que se verifica frequentemente na Primavera.

A Rinite alérgica - sazonal ou permanente - deve-se a uma reacção de hipersensibilidade a certas substâncias que afectam as membranas mucosas do nariz e vias respiratórias.

Estima-se que entre 2 a 20% da população mundial seja afectada por Rinite alérgica. A sua prevalência máxima acontece durante a adolescência, sendo que mais de 30% dos jovens sofre destes sintomas nos períodos de Primavera e Verão.

Em Medicina Chinesa:

Rinite alérgica ou febre-dos-fenos é uma desordem caracterizada por ataques agudos de comichão nasal, congestão nasal, descargas nasais aquosas e espirros. 
Os episódios ocorrem frequentemente em intervalos curtos ou períodos de remissão, entre os ataques. Os ataques normalmente acontecem durante a manhã ou à noite.
Os sintomas podem apresentar-se de forma sazonal ou permanente.

No tradicional clássico de Medicina Chinesa - Huang Di Nei Jing (O Livro do Imperador Amarelo) - a Rinite Alérgica é representada por dois conceitos (ou sintomas):
- "Bi qiu";
- "Qiu ti".
O 1º refere-se a profusa descarga nasal aquosa; o 2º a espirros e a profusa descarga nasal aquosa.

De acordo com a Medicina Chinesa, o nariz tem funções respiratórias e relaciona-se com o olfacto; está associado às funções dos órgãos Pulmão, Rins e Baço e correspondentes meridianos. Os Pulmões abrem-se no nariz, sendo que a função nasal depende maioritariamente da energia (qi) dos Pulmões. O livre fluir da energia dos Pulmões mantém abertas as vias respiratórias e um adequado sentido de olfacto. O meridiano Vaso Governador (Du Mai), que percorre a linha média posterior do corpo, é controlado pelos Rins e passa pelo nariz.Os Rins comunicam então com o nariz. O Baço é o órgão primário da digestão e a sua principal função é transformar a comida em essência (jing). Esta é depois transportada até aos Pulmões e Coração, onde se transforma em energia (qi) e sangue (xue). O normal funcionamento do Baço promove o correcto funcionamento do Pulmão; quando o Baço está débil surgem desordens relacionadas com humidade/mucosidades (fleuma).

TRATAMENTO:

- Tuina (massagem chinesa) e/ou Acupunctura realizadas nas regiões dorsal e lombar, em pontos com acção específica nos órgãos Pulmão, Baço e Rim, na face percorrendo pontos que aliviam congestão nasal e resolvem descargas nasais; nos membros superiores e inferiores, em pontos que tratam quadros de debilidade ou de humidade, associados à patologia.


- Ventosas colocadas na zona dorsal, sobretudo ao nível dos pontos de assentimento do Pulmão.
- Moxabustão realizada com cones de moxa (artemísia vulgaris) em pontos que beneficiem as funções do Pulmão e tratem o quadro de deficiência/humidade.
- Prescrição de Fitoterapia (fórmulas de ervas medicinais chinesas adequadas a cada caso em particular, de acordo com diagnóstico estabelecido).

A combinação de duas ou mais técnicas dependerá do diagnóstico estabelecido mas terá sempre como princípios terapêuticos promover o livre fluir da energia do Pulmão e beneficiar as vias respiratórias.








quinta-feira, 13 de outubro de 2016

VERÃO TARDIO - o intervalo entre todas as estações



Atribui-se a denominação de "Verão tardio" a uma "estação do ano" relativamente curta, pouco reconhecida, que ocorre aproximadamente no último mês de Verão e que se encontra a meio do ano, no calendário chinês.*

Corresponde ao ponto de transição de yang para yin, entre as fases expansivas de crescimento da Primavera e o Verão e as estações internas, mais frias, mais misteriosas do Outono e Inverno.
Trata-se de uma estação agradável, tranquila e florescente, é como se o tempo se detivesse contemplando o espaço que a Natureza ocupa.

Fala-se de unidade, harmonia e aquecedor médio (estômago e baço-pâncreas) - invocados períodos que intercalam as várias estações do ano.

- Como se adaptar a este "Verão tardio"?

"Pode-se escutar as suas correntes subtis, como se vivêssemos no instante em que o pêndulo inverte a sua oscilação. Encontrar os ritmos e os ciclos que fazem a vida simples e harmoniosa".

Referimo-nos, nesta época, ao equilíbrio, ao centro... Pelo que devemos tentar transformar condições rígidas (no corpo ou em situações de vida) ou desordens mentais/físicas em aspectos que nos permitam a concentração (que nos centrem!), a flexibilidade e o cumprimento de (pelo menos algumas) rotinas. 
As sugestões podem ir desde a prática regular de uma actividade física moderada, a aulas de pilates, yoga, tai chi, meditação até à respiração consciente e profunda




Num local tranquilo, de temperatura amena e sem hipótese de ser incomodado (a) - pode ser espaço interior ou exterior; inspire, pouco a pouco, profundamente enchendo o abdómen, o nosso centro físico, e depois, gradualmente dirija a respiração para cima, até ao peito, enchendo os pulmões, continue a inspiração até senti-la nos ombros e base do pescoço; a partir daqui expire devagar, esvaziando primeiro peito e por fim abdómen (no sentido inverso ao da inspiração). Tranquilamente, repita o exercício as vezes que necessitar e se sentir confortável. Realize o exercício pelo menos duas vezes por dia (5 minutos de cada vez).


* O ano chinês inicia em Fevereiro, com uma ligeira variação do dia exacto a cada ano.




quarta-feira, 12 de outubro de 2016

ADAPTANDO-SE ÀS ESTAÇÕES


Os chineses acreditam que as estações do ano têm um efeito cíclico profundo no desenvolvimento e no bem-estar do ser humano - que somos influenciados pelas alterações climáticas e que devemos viver em harmonia com estes.

Por exemplo, quando o Verão (yang) chega ao fim, damo-nos conta que o Outono e o Inverno (yin) já estão próximos e que, nossa mente e corpo se vão adaptando gradualmente, dia-a-dia. Se vivemos numa região com Invernos muito frios, conforme o clima se vai tornando mais frio, é necessário que o sangue se torne mais viscoso; aceitar, de forma consciente, a mudança gradual de estação fará com que o a nova estação seja um período de beleza e comodidade, em vez de um período de apreensão.

A harmonia com as estações do ano é natural para a pessoa equilibrada. Infelizmente, a maioria de nós temos vindo a insensibilizar o nosso conhecimento instintivo e apenas com práticas que nos aproximem dos ciclos da Natureza é que iniciaremos a ouvir a voz clara da nossa natureza. As práticas (ao contrário das teorias) são gradualmente interiorizadas e isto faz com que seja possível sentir uma confiança mais completa na nossa intuição.

As primeiras obras clássicas do Oriente (e Ocidente) sugerem que sigamos a nossa direcção espiritual (yang - céu), ao mesmo tempo que estabelecemos uma correspondência entre nós e a Natureza (yin - terra):

"O fundamento das interacções entre as  quatro estações do ano e o yin e o yang é a base de tudo na criação. Assim, os iniciados nutrem o seu yang na Primavera e Verão, e nutrem o seu yin no Outono e Inverno, com o propósito de seguir a regra das regras; portanto, ao estar unificado com o todo na criação, os iniciados mantêm-se na Porta da Vida." 
 Medicina Interna Clássica






segunda-feira, 10 de outubro de 2016

WU XING - ANTIGO SISTEMA DOS 5 DINAMISMOS



O sistema dos Cinco Elementos (ou Dinamismos) - Wu Xing - dos antigos chineses ajuda-nos a compreender as ilimitadas correspondências que abarcam cada faceta da vida. Demonstra que padrões simples descrevem a constituição e condição clínica de cada pessoa. Em termos de diagnóstico, permite entender a pessoa como Ser Único, incluindo os seus órgãos internos, emoções, partes do corpo e relação com meio ambiente.
As Cinco categorias dinâmicas entrelaçam-se, reforçam-se e controlam-se entre si, através dos ciclos de "Criação" e "Controlo".

Tabela: Correspondências dos 5 Elementos /Dinamismos: no corpo humano e na Natureza.

Este sistema antigo teve origem em relações ou correspondências mais directas (que muitas vezes não as relacionamos). Por exemplo: desequilíbrios dos Rins relacionam-se com a emoção medo e com alterações urinárias e problemas ósseos.

Mas o que de tão exacto tem este sistema? Desde há milhões de anos que as mesmas correspondências, originalmente propostas se mantêm, iluminando aqueles que as aplicam. A sua exactidão verifica-se com grande êxito por incontáveis praticantes de Medicina Chinesa.
Em vez de se tratar de um sistema rigoroso em si mesmo, os Cinco Elementos funcionam como uma referência de todo o conjunto entrelaçado de filosofia médica chinesa e de sua prática. Os 5 Elementos actuam como auxiliares de memória de certos fundamentos.

Assim, para aplicações clínicas, cada palavra da tabela dos 5 Elementos deve ser interpretada e integrada no elegante e exacto entrelaçado esquema de filosofia chinesa.

Na cura pela dietética, é necessário apenas compreender como funciona a grande maioria das propriedades básicas e importantes deste esquema fisiológico.
Aliadas a bases de fisiologia chinesa, irão ser apresentadas (nos próximos artigos) descrições correspondentes para cada estação do ano.


Adaptado de "Sanando con alimentos integrales. Tradições asiáticas e nutrição moderna", de Paul Pichford