quarta-feira, 4 de novembro de 2015

IMUNIDADE E CONCEITO DE QI PROTECTOR


O conceito de sistema imunitário, que se utiliza nas áreas de Fitoterapia e Acupunctura chinesas, representa um panorama simples de eficácia inteiramente comprovada.
Em Medicina Chinesa, uma condição patológica (quer seja de origem externa ou interna) depende da força do nosso sistema imunológico - que se relaciona com o termo wei qi ou "qi protector" ou "energia defensiva".

Quando o qi defensivo é forte, doenças virais ou influências climáticas susceptíveis de entrar no corpo, mantêm-se afastadas; se a sua força diminui, as doenças podem entrar no corpo e aí permanecer num nível externo ou superficial; no caso de qi defensivo insuficiente, as doenças podem penetrar até níveis mais internos ou profundos, afectando o funcionamento dos órgãos internos, nervos mais profundos, ossos e vasos sanguíneos.

O qi defensivo é considerado o tipo de energia com mais força no corpo.
Durante o dia distribui-se principalmente por toda a pele e músculos, aquecendo e nutrindo todos os tecidos externos (subcutâneos). Aí circula, abrindo e fechando os poros e glândulas sudoríferas e defendendo o corpo contra factores externos causadores de doenças, tais como: alterações climáticas extremas e ataques por microorganismos.
À noite, o qi defensivo circula a um nível mais profundo do corpo, nos órgãos internos.

Segundo o ensinamento tradicional, o qi defensivo origina-se pela combinação entre: as substâncias essenciais dos alimentos e o ar inspirado.
Este modelo antigo de qi defensivo assemelha-se ao conceito moderno (de sistema imunitário), pois em ambos, a capacidade de absorver os nutrientes e o oxigénio é fundamental para a defesa do ataque de factores patogénicos, isto é, para o correcto funcionamento do sistema imunológico.


Paul Pictford, Sanando con alimentos integrales, North Atlantic Books

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

10 ESTRATÉGIAS PARA PREVENIR CANCRO DA MAMA


OUTUBRO é o mês internacional de Prevenção de Cancro da Mama, estimando-se que na Europa surjam todos os anos 430 000 novos casos e que uma em cada 10 mulheres venha a desenvolver a doença antes dos 80 anos.

O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres (não considerando o cancro da pele), e corresponde à segunda causa de morte por cancro, na mulher. Em Portugal, anualmente são detectados cerca de 4500 novos casos de cancro da mama, e 1500 mulheres morrem com esta doença.

São conhecidos alguns factores de risco para o cancro da mama, muito associados aos estilos de vida e a características reprodutivas inerentes à vida moderna e ocidentalizada. De notar que há entre 5 a 10% dos cancros da mama diagnosticados que aparentam características genéticas e hereditárias que, caso sejam confirmadas, obrigam a um acompanhamento mais precoce e cuidadoso dos familiares.

Por outras palavras, 90 a 95% dos cancros de mama diagnosticados relacionam-se com estilo de vida e vida moderna ocidentalizada... É a este facto que deve ser dada a devida importância e então, adoptar preventivamente medidas adequadas.
Assim, aqui ficam algumas sugestões a ter em conta:

As 10 Estratégias para Prevenir o Cancro da Mama 
1. Comer imensos vegetais, cogumelos (frescos, de vários tipos) e cebolas (ou "familiares" como alho, alho francês, cebolinho...);
2. 1 colher de sopa de sementes de linhaça moídas ou sementes de chia;
3. Reduzir consideravelmente consumo de proteína animal (carne, peixe, ovos e lacticínios);
4. Não comer alimentos fritos/tostados nem carnes processadas (fiambre, chouriço, presunto, alheira, etc);
5. Não tomar suplementos que contenham ácido fólico sintético;
6. Praticar exercício físico pelo menos 3 horas por semana e manter o corpo magro (sem excesso de peso) com pouca gordura corporal);
7. Não beber álcool;
8. Não fumar;
9. Limitar exposição a estrogénios;
10. Ser mãe e amamentar durante o máximo de tempo possível.

Mais informação em:
http://www.drfuhrman.com/library/cancerprotect_foods.aspx
http://www.ligacontracancro.pt/
http://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/type/breast-cancer/










terça-feira, 20 de outubro de 2015

O DIAGNÓSTICO EM MTC


O Diagnóstico em Medicina Tradicional Chinesa baseia-se no diagnóstico de patologias e diferenciação de síndromes, através da análise de vários aspectos assentes na teoria e metodologia de MTC.
Os  correctos diagnóstico e prognóstico requerem o entendimento da natureza da patologia em questão. Em MTC, o diagnóstico estabelece a ligação entre as bases teóricas e as várias especialidades clínicas.
a)  Métodos de diagnóstico em MTC:  examinam o paciente e permitem registar os dados clínicos; neles incluem-se a inspecção, a audição e a olfacção, o questionário e a palpação do pulso – os chamados quatro métodos de diagnóstico;
b)  Diferenciação de síndromes: significa analisar e sintetizar os dados clínicos do paciente, com o intuito de definir a natureza da síndrome; esta diferenciação acontece de acordo com:
- os 8 princípios;
- as causas da doença;
- o qi, o sangue e os líquidos orgânicos;
- os zang fu (órgãos e vísceras);
- os meridianos;
- os 6 níveis energéticos (ou meridianos);
- as 4 camadas;
- o triplo aquecedor.

O conceito de Holismo orgânico está implícito em todo o sistema teórico de MTC, o que se verifica também a nível do diagnóstico. Ao diagnosticar a condição patológica, definindo a categoria da doença e diferenciando a síndrome em questão, a MTC enfatiza a visão do indivíduo (paciente) como um todo orgânico.


Artigos relacionados:

Holismo em MTC
Entender a Medicina Chinesa


sexta-feira, 29 de maio de 2015

EVITAR ANTIBIÓTICOS SEMPRE QUE POSSÍVEL


Os antibióticos são maravilhosos, em certos casos são os “salva-vidas”da medicina – isto, quando utilizados correctamente e com moderação.
Infelizmente, os antibióticos têm sido irresponsavelmente demasiado prescritos e erradamente administrados em condições em que não são efectivos, tais como infecções virais. Este facto tem levado ao desenvolvimento de diversas estirpes de bactérias infecciosas que se são resistentes ao tratamento com antibióticos.
Ainda assim, mesmo que não seja este o caso, os antibióticos devem estar reservados apenas para alguns casos em que são verdadeiramente necessários. Isto porque o seu efeito é demasiado potente – não elimina apenas as bactérias causadoras da doença, mas também, eliminam as “boas” bactérias, as quais permitem manter o estado saudável do nosso organismo.
Em particular, o trato digestivo é a “casa” onde muitas bactérias “boas” e fungos se alojam, numa relação simbiótica, na qual ambas as partes (as bactérias “boas” e o nosso corpo beneficiam). Estas bactérias e fungos ajudam na digestão dos alimentos e na eliminação dos produtos “tóxicos” da digestão.
Se, no entanto, os antibióticos são continuamente administrados, perturbam este equilíbrio. Daí em diante, diversos eventos, com repercussões profundamente negativas no nosso bem-estar e saúde, acontecem - resultado do descontrolo destas populações de bactérias e fungos, que se propagam:
1.       Bactérias e fungos invadem o interior do corpo, saindo do trato digestivo; uma vez “fora” da sua “casa”, elas terão que se proteger a si mesmas do ataque do nosso sistema imunitário; neste sentido, elas irão inteligentemente produzir substâncias que a) enfraquecem o sistema imunitário, tornando-o menos eficiente, e b) debilitam o equilíbrio hormonal do corpo (impedindo a homeostase salutar e normal);
2.       Eventualmente bactérias e fungos morrem, tornando-se moléculas que o nosso sistema imunitário reconhece como estranhas e realiza uma nova resposta ou ataque; assim, toda esta situação enfraquece o sistema imunitário, confundindo-o e causando a perpetuação de “combates” entre bactérias e fungos causadores de doenças e os produtos que actuam com o intuito de os eliminar;

3.       Bactérias e fungos atravessam as paredes dos intestinos, tornando-as permeáveis a moléculas de alimentos não digeridas, que o organismo reconhece como estranhas, desencadeando-se outro ataque ou resposta imunitária; então, o corpo (doente) torna-se alérgico as estas moléculas – alergia não é mais do que uma resposta imunitária a uma substância que, em pessoas saudáveis, não causa normalmente uma reacção imunitária (a mesma substância, não é reconhecida como estranha).



Deste modo, todo o processo de eliminação de bactérias “boas” por utilização repetida de antibióticos leva a:
1.       Flora intestinal débil;
2.       Desregulação hormonal do sistema imunitário;
3.       Perpetuação de respostas alérgicas.

Finalmente e por tudo isto, o sistema imunitário é sujeito a excessivo trabalho e a um permanente desequilíbrio, perdendo o discernimento entre o que é estranho e o que não é – acontecem auto-ataques que originam as chamadas doenças auto-imunes, tais como, artrite reumatóide, esclerose múltipla, lupus, etc.
Este cenário está envolvido nos mecanismos que originam a maioria das patologias nos países desenvolvidos, especialmente: alergias, debilidade do sistema imunitário, doenças auto-imunes, mas também em condições virais, incluindo a diabetes.
Relaciona-se igualmente com problemas ginecológicos: endometriose, infertilidade imunológica, tensão pré-menstrual associado a  inflamações da tiróide e ovários.
Participa no aparecimento e evolução de muitos tipos de cancro.
O entendimento de todo este processo é a chave para o e sucesso no tratamento de patologias como: dor de ouvidos crónica e recorrente, tosse crónica e recorrente, alergias crónicas, incluindo eczema e asma alérgico, sobretudo nas crianças.

Bob Flaws - Keeping Your Child Healthy with Chinese Medicine, The Prevention of Disease and Promotion of Health, Blue Poppy, 1996



quinta-feira, 28 de maio de 2015

A “MAGIA” DAS FIBRAS – Um Nutriente Importante


Quando pensamos em fibras, normalmente lembramo-nos de cereais ou suplementos que aliviam ou tratam prisão de ventre. 
ALTERE ESTE PENSAMENTO. 
A fibra é um nutriente vital, essencial para a saúde humana.
Infelizmente, a alimentação ocidental é assustadoramente pobre em fibra, uma insuficiência que causa muitos problemas de saúde (hemorróidas, prisão de ventre, varizes, diabetes, por exemplo) e que se destaca como uma das principais causas de cancro.

A fibra deve ser obtida através da ingestão de alimentos naturais de origem vegetal, tais como fruta, vegetais e leguminosas. Estes alimentos são ricos em hidratos de carbono complexos solúveis e não-solúveis na água. 

Importância das Fibras
As fibras desaceleram a absorção de glicose e controlam o ritmo da digestão;
As fibras das plantas têm efeitos fisiológicos complexos no trato digestivo que nos trazem muitos benefícios, tais como a diminuição dos níveis de colesterol;
Reduzem os apetites fisiológicos anormais;
Previnem a diabetes;
Diminuem o risco de contrair varizes, hemorróidas e de ter obstipação;
Reduzem perturbações hormonais;
Tornam sistema imunitário mais forte.

A Confusão que Existe no Mercado acerca do Papel das Fibras


Algumas pessoas estão tão confusas que já não sabem em que hão de acreditar. A primeira ideia  a reter é: 
Não obtenha o seu aconselhamento relativamente à saúde através dos media
Muitas vezes, as mensagens relativas a este tema entram em conflito; isto é, a informação que se obtém nos estudos científicos é, frequentemente, mal transmitida pelos meios de comunicação.
Em milhares de estudos científicos, as informações obtidas não são contraditórias. Neste caso, as provas são espantosas e irrefutáveis: os alimentos com elevado teor em fibra dão-nos uma protecção significativa contra o cancro (incluindo cancro do cólon) e outras doenças cardíacas. E não falamos de fibra, falamos de alimentos com elevado teor em fibra! Falamos de alimentação rica em frutas frescas, vegetais, legumes, cereais integrais, frutos secos e sementes.

Considerações Finais

- O consumo elevado de fibra é um marcador de muitas das propriedades anticancerígenas presentes nos alimentos naturais, principalmente nos fitoquímicos;
- A ingestão ideal de fibras é de 50 a 100g diárias;
- A verdade é que os alimentos saudáveis e nutritivos são também muito ricos em fibras, e que alimentos associados à contracção de doenças são insuficientes no que à fibra diz respeito;
- A carne e os lacticínios não contêm fibras e os alimentos produzidos com cereais refinados (pão, arroz branco e massas) perderam as fibras – pelo que estes alimentos devem ser reduzidos substancialmente da nossa alimentação (no sentido de perder peso, mas também, de se viver uma vida mais saudável e longa);
- Confirma-se que eliminar as fibras da nossa alimentação é extremamente perigoso. As pessoas que consomem alimentos com teor mais elevado de fibra são as mais saudáveis, como demonstram as medições do perímetro da cintura, os níveis mais baixos de insulina e outros marcadores de risco de doenças.


Dr. Joel Fuhrman – Comer para Viver

Mais informação em:
http://blog.aicr.org/2012/01/11/major-new-analysis-fiber-may-prevent-breast-cancer/


sábado, 14 de fevereiro de 2015

ENTENDER A MEDICINA CHINESA


No sentido de entender a Medicina Chinesa, é necessário ter um bom conhecimento acerca da cultura chinesa, especialmente, da sua filosofia, isto porque a teoria da Medicina Chinesa foi estabelecida em tempos antigos, juntamente com o desenvolvimento de diversas temas filosóficos.
A antropologia é outra das “ferramentas” indispensável para o entendimento da Medicina Chinesa, uma vez que se baseia no básico sistema de pensamento de uma cultura.
Estar desperto para o pensamento filosófico intrínseco à Medicina Chinesa implica compreender a sua teoria e prática. O tratamento baseado em diferenciação de síndromes é um exemplo típico. A relação entre o corpo humano e as doenças é complexa e existe uma certa contradição entre a medicina moderna/“ciência” e a Medicina Chinesa. A Medicina Chinesa acredita que nenhuma pessoa é exactamente igual a outra. Assim, não há nenhuma doença que se manifeste exactamente do mesmo modo em duas pessoas, pelo que não existe um tratamento inalterável e que possa ser repetidamente utilizado sem modificações. Em Medicina Chinesa também existem algumas prescrições pré-definidas, no entanto, no tratamento clínico, os médicos modificam frequentemente estas prescrições, tornando-as mais específicas para cada um dos pacientes. Tal fenómeno parece ser contraditório no que respeita à “repetição” enfatizada pela “ciência”. Tal contradição é de facto fácil de entender:
De acordo com a Medicina Chinesa, o factor responsável pela “não-repetição” é que o tratamento em Medicina Chinesa tem o seu foco nos pacientes e não nas doenças. Uma vez que cada pessoa é única, o tratamento será também ele único.
Apesar não não haver tratamentos absolutamente indênticos, em muitos casos há efectivamente princípios terapêuticos e prescrições que se repetem. Ser repetível ou não prende-se com os critérios utilizados no diagnóstico: ser similar nem sempre incluí os mesmos sintomas, e ser diferente não excluí sintomas semelhantes.
O século XX testemunhou a ocorrência de duas encefalites epidémicas. A Medicina Ocidental usou exactamente os mesmos métodos terapêuticos no 1º e  2º ataque, sendo que no 2º não surtiu efeito. À luz da Medicina Ocidental a encefalite epidémica ocorreu pela 2ª vez pelos mesmos motivos que a 1ª: microorganismos. Para a Medicina Chinesa, a diferença residia pela diferença de estações do ano e de “humidade” e “calor”.

Outro exemplo é  a formúla Bu Zhong Yi Qi Wan (comprimidos para tonificar o aquecedor médio – Estômago e Baço -  e revigorar o Qi) desenvolvida por Li Gao (1180-1251) e utilizada para tratar problemas de Estômago. Esta prescrição é agora utilizada para tratar anemia, cansaço mental e ptose gástrica. Apesar de serem manifestações diferentes da mesma doença, a sua causa e natureza são as mesmas.

Legenda Imagem - Médico a tratar um paciente, queimando ervas nas suas costas (Dinastia Sung, 950 a.C., no National Palace Museum, Taiwan)


Traditional Chinese Medicine, Liao Yuqun