sábado, 14 de fevereiro de 2015

ENTENDER A MEDICINA CHINESA


No sentido de entender a Medicina Chinesa, é necessário ter um bom conhecimento acerca da cultura chinesa, especialmente, da sua filosofia, isto porque a teoria da Medicina Chinesa foi estabelecida em tempos antigos, juntamente com o desenvolvimento de diversas temas filosóficos.
A antropologia é outra das “ferramentas” indispensável para o entendimento da Medicina Chinesa, uma vez que se baseia no básico sistema de pensamento de uma cultura.
Estar desperto para o pensamento filosófico intrínseco à Medicina Chinesa implica compreender a sua teoria e prática. O tratamento baseado em diferenciação de síndromes é um exemplo típico. A relação entre o corpo humano e as doenças é complexa e existe uma certa contradição entre a medicina moderna/“ciência” e a Medicina Chinesa. A Medicina Chinesa acredita que nenhuma pessoa é exactamente igual a outra. Assim, não há nenhuma doença que se manifeste exactamente do mesmo modo em duas pessoas, pelo que não existe um tratamento inalterável e que possa ser repetidamente utilizado sem modificações. Em Medicina Chinesa também existem algumas prescrições pré-definidas, no entanto, no tratamento clínico, os médicos modificam frequentemente estas prescrições, tornando-as mais específicas para cada um dos pacientes. Tal fenómeno parece ser contraditório no que respeita à “repetição” enfatizada pela “ciência”. Tal contradição é de facto fácil de entender:
De acordo com a Medicina Chinesa, o factor responsável pela “não-repetição” é que o tratamento em Medicina Chinesa tem o seu foco nos pacientes e não nas doenças. Uma vez que cada pessoa é única, o tratamento será também ele único.
Apesar não não haver tratamentos absolutamente indênticos, em muitos casos há efectivamente princípios terapêuticos e prescrições que se repetem. Ser repetível ou não prende-se com os critérios utilizados no diagnóstico: ser similar nem sempre incluí os mesmos sintomas, e ser diferente não excluí sintomas semelhantes.
O século XX testemunhou a ocorrência de duas encefalites epidémicas. A Medicina Ocidental usou exactamente os mesmos métodos terapêuticos no 1º e  2º ataque, sendo que no 2º não surtiu efeito. À luz da Medicina Ocidental a encefalite epidémica ocorreu pela 2ª vez pelos mesmos motivos que a 1ª: microorganismos. Para a Medicina Chinesa, a diferença residia pela diferença de estações do ano e de “humidade” e “calor”.

Outro exemplo é  a formúla Bu Zhong Yi Qi Wan (comprimidos para tonificar o aquecedor médio – Estômago e Baço -  e revigorar o Qi) desenvolvida por Li Gao (1180-1251) e utilizada para tratar problemas de Estômago. Esta prescrição é agora utilizada para tratar anemia, cansaço mental e ptose gástrica. Apesar de serem manifestações diferentes da mesma doença, a sua causa e natureza são as mesmas.

Legenda Imagem - Médico a tratar um paciente, queimando ervas nas suas costas (Dinastia Sung, 950 a.C., no National Palace Museum, Taiwan)


Traditional Chinese Medicine, Liao Yuqun