No sentido de entender a Medicina Chinesa, é necessário ter
um bom conhecimento acerca da cultura chinesa, especialmente, da sua filosofia,
isto porque a teoria da Medicina Chinesa foi estabelecida em tempos antigos,
juntamente com o desenvolvimento de diversas temas filosóficos.
A antropologia é outra das “ferramentas” indispensável para
o entendimento da Medicina Chinesa, uma vez que se baseia no básico sistema de
pensamento de uma cultura.
Estar desperto para o pensamento filosófico intrínseco à
Medicina Chinesa implica compreender a sua teoria e prática. O tratamento
baseado em diferenciação de síndromes é
um exemplo típico. A relação entre o corpo humano e as doenças é complexa e
existe uma certa contradição entre a medicina moderna/“ciência” e a Medicina
Chinesa. A Medicina Chinesa acredita que nenhuma pessoa é exactamente igual a
outra. Assim, não há nenhuma doença que se manifeste exactamente do mesmo modo em
duas pessoas, pelo que não existe um tratamento inalterável e que possa ser
repetidamente utilizado sem modificações. Em Medicina Chinesa também existem
algumas prescrições pré-definidas, no entanto, no tratamento clínico, os
médicos modificam frequentemente estas prescrições, tornando-as mais
específicas para cada um dos pacientes. Tal fenómeno parece ser contraditório no
que respeita à “repetição” enfatizada pela “ciência”. Tal contradição é de
facto fácil de entender:
De acordo com a Medicina Chinesa, o factor responsável pela
“não-repetição” é que o tratamento em
Medicina Chinesa tem o seu foco nos pacientes e não nas doenças. Uma vez que
cada pessoa é única, o tratamento será também ele único.
Apesar não não haver tratamentos absolutamente indênticos, em muitos casos há efectivamente princípios
terapêuticos e prescrições que se repetem. Ser repetível ou não prende-se
com os critérios utilizados no diagnóstico: ser similar nem sempre incluí os
mesmos sintomas, e ser diferente não excluí sintomas semelhantes.
O século XX testemunhou a ocorrência de duas encefalites
epidémicas. A Medicina Ocidental usou exactamente os mesmos métodos
terapêuticos no 1º e 2º ataque, sendo
que no 2º não surtiu efeito. À luz da Medicina Ocidental a encefalite epidémica
ocorreu pela 2ª vez pelos mesmos motivos que a 1ª: microorganismos. Para a
Medicina Chinesa, a diferença residia pela diferença de estações do ano e de
“humidade” e “calor”.
Outro exemplo é a
formúla Bu Zhong Yi Qi Wan (comprimidos para tonificar o aquecedor médio –
Estômago e Baço - e revigorar o Qi)
desenvolvida por Li Gao (1180-1251) e utilizada para tratar problemas de
Estômago. Esta prescrição é agora utilizada para tratar anemia, cansaço mental
e ptose gástrica. Apesar de serem manifestações diferentes da mesma doença, a
sua causa e natureza são as mesmas.
Traditional Chinese Medicine, Liao Yuqun